Construção civil em Manaus demite 5 mil trabalhadores formais este ano

04/09/2015

O mercado da Construção Civil de Manaus demitiu cerca de cinco mil trabalhadores formais nos seis primeiros meses deste ano. Segundo informações do Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Amazonas (Sinduscon-AM), o trabalho com carteira assinada na área tem diminuído desde 2013, quando o órgão contabilizava 88 mil funcionários formalizados. Com as demissões, trabalhadores procuram por empregos informais.

O número de empregados de dois anos atrás é 20% superior ao registrado em julho deste ano, quando o Sinducon contabilizou 70 mil trabalhadores formalmente na construção civil em Manaus.

Em entrevista ao G1, o presidente do órgão, Eduardo Lopes, informou que a queda é resultado a crise econômica enfrentada pelo Brasil.

“Estamos em pleno desaquecimento do setor, sem perspectiva de melhora. Não vemos medidas concretas para que essa crise cesse, o que nos faz pensar que ainda não chegamos ao fundo do poço”, explicou.

As demissões, segundo o presidente do Sindicato, refletem em um comportamento mais precavido dos empresários da área. Segundo Lopes, investimentos que estavam no papel acabaram “morrendo” antes mesmo de serem apresentados.

“O mercado funciona da seguinte forma: faz-se um projeto e em seguida o lançamento. Antes disso, porém, é feita uma pesquisa de mercado para sentir como está o público consumidor. Desta forma, muitos empreendimentos são abortados quando o investidor vê a situação em que o mercado se encontra”, contou.

Perspectiva

Com a proximidade do verão em Manaus, Lopes afirmou que existe uma perspectiva de que os investimentos no setor voltem a aumentar. Ainda assim, os representantes das indústrias afirmou que não descarta completamente a possibilidade de novas demissões.

“Vamos começar a analisar o segundo semestre. A gente espera, pelo menos, manter o número de empregados, mas volto a dizer que não existe nenhum fator que indique que isso possa acontecer”, avaliou.

Emprego informal

Com as demissões das grandes empresas de construção civil, os trabalhadores têm procurado serviços de menores proporções na tentativa de manter a renda mensal. Ao G1, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, Cícero Custódio, afirmou que o trabalho informal teve aumento significativo neste ano.

“Quem foi demitido continua trabalhando, só que de forma individual, com trabalhos pequenos para os quais, antigamente, ele não tinha tempo”, disse.

O sindicalista informou ainda que os próprios empreendedores de grande porte tem contribuído para o trabalho informal. “Temos recebido reclamações de alguns trabalhadores, que afirmam que existem empresas contratando 30 pessoas, mas que só assinam quatro ou cinco carteiras”, afirmou.